Testamento


Os meus dedos eu deixo para Paris
Os meus olhos para Veneza
A minha pele para os Africanos
A minha carne para Roma

Os meus sentidos para os párias
E minha loucura para a poesia
Meu desejo para os vulcões
E minhas palavras para o vento.

E meu coração deve ser queimado
e espalhado por Zéfiro.







De bellum urbem


Olhando para fora do ônibus
Escorre pela janela
Viscoso e pulsante

Trapos nas ruas
Ganhando o mofo do dia
Escárnio e resto

Multiendinheirados blindados
Secando por dentro
Nojo e afeto

Letrados cansados
Descaso pelas formas mortas
Poesia e piedade

Homens e mulheres
Em meio ao vômito social
Fogo e estampido

Dentro do ônibus
A música embotada
Desarranjo e harmonia

Discussões e muito choro
“Não pare o ônibus”
Pedido e medo